sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Uma lenda...

"No princípio criou Deus os céus e a terra.

E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas.
E disse Deus: Haja luz; e houve luz.
E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre a luz e as trevas.
E Deus chamou à luz Dia; e às trevas chamou Noite. E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro.
E disse Deus: Haja uma expansão no meio das águas, e haja separação entre águas e águas.
E fez Deus a expansão, e fez separação entre as águas que estavam debaixo da expansão e as águas que estavam sobre a expansão; e assim foi.
E chamou Deus à expansão Céus, e foi a tarde e a manhã, o dia segundo.
E disse Deus: Ajuntem-se as águas debaixo dos céus num lugar; e apareça a porção seca; e assim foi.
E chamou Deus à porção seca Terra; e ao ajuntamento das águas chamou Mares; e viu Deus que era bom."(Gênesis 1, 1-10)

      Agora, parte da história desconhecida, é a relação do Céu com o Mar. O Céu fora criado primeiro, e era muito pomposo. Lindo! Imponente! Um azul encantador! Era muito orgulhoso de si mesmo. E se achava, depois do homem, a criação mais perfeita. Sonhava em ver animais bailando pelo seu infinito azul, estrelas cortando sua imensidão. Era feliz por ser o que é, e achava que por si só já se bastava.
     Ao ver sendo criado o Mar, não suportou tamanha afronta. Um azul tão imenso quanto o seu. Suas aves iriam mergulhar naquelas profundezas e o abandonaria. O Mar também era tão lindo quanto ele, mas não dava o braço a torcer e não deixava que ninguém percebesse sua injúria. Apenas se colocava em seu lugar e não trocava uma palavra sequer com aquela imensidão úmida.
      Já o Mar se encantou pelo Céu de cara e de longe ficava a admirar tamanho esplendor. Até perceber que o Céu não lhe dava nenhuma atenção, e sempre que tentava puxar assunto via a noite chegar e aquele azul cintilante se escurecer. Para tentar se diferenciar era isso que o Céu fazia, anoitecia ou se nublava.Isso tudo para tentar ser diferente daquele Mar que copiava o seu imenso azul. Mas o Mar queria mais que isso, queria de todas as formas chamar a atenção do Céu, e quando o Céu se acizentava também ele tomava tons cinzas, e quando anoitecia o Mar deixava seu brilho de lado e escurecia junto. "Que absurdo! Só pode ser muita inveja tentar ser igual a mim em todos os momentos!"-pensava o Céu com todo o seu orgulho. E isso só o deixava mais furioso.
      O Mar começou a perceber que precisava tomar uma atitude para tentar reverter aquela situação. E numa noite ele evaporou, se transformou em nuvem e subiu até o Céu para tentar uma aproximação. Chegando lá começou a puxar assunto e por esratégia já foi logo rendendo elogios a imensa majestade azul. Orgulhoso que só ele o Céu logo foi dando assunto sem nem perceber de quem se tratava. E foi assim que Céu e Mar se conheceram pessoalmente e passaram uma noite inteira trocando confidências e boas risadas. Mas já era hora de amanhecer e o Mar precisava voltar ao seu lugar, pois ninguém poderia perceber que ele não estava mais lá. Numa desculpa esfarrapada ele fugiu do Céu e se transformou logo em chuva para voltar a Terra. E o Céu não entendeu o motivo de tamanha pressa e insistiu para que seu mais novo amigo ficasse mais um pouco. Em vão... Seu amigo, que até então o Céu não sabia de quem se tratava, havia sumido. Querendo encontrá-lo o Céu tratou de amanhecer mais rápido e então flagrou a sua chuva se transformando em Mar novamente. Sentiu vergonha de si mesmo. Não era possível! Aquele ser que ele tanto desprezava tinha lhe proporcionado a melhor noite de sua existência. Tanta coisa em comum, tão iguais...mas o seu orgulho nunca o deixara perceber isso. E ficara alí admirando o Mar deitar de novo em seu berço... Seu espelho! Era isso que o Mar era. O reflexo de tudo aquilo que ele mesmo se mostrava ser.
      Sem se conter o Céu desceu até o encontro do Mar e foi pedir perdão por tudo o que pensara sobre ele sem antes mesmo tê-lo conhecido. E alí quis ficar! Junto do Mar, pois sua companhia o fazia bem. Mas os outros seres não aprovavam essa idéia! A atmosfera ficou comprimida, o ar rarefeito, o clima esquentou...Tudo e todos eram contra aquela aproximação. Com medo do que os outros pudessem pensar e fazer o Céu voltou ao seu lugar, só que dessa vez o orgulho ficara de lado e ele se sentia muito sozinho. Era saudade. A saudade entristecia o Céu solitário que ficou um bom tempo nublado. Queria mais... Queria o Mar sempre perto, mas sabia que não era mais possível aquela aproximação. Só se encontravam entre uma chuva ou outra, quando o Mar ia visitá-lo sem que ninguém sequer notasse.
      Numa dessas visitas o Mar teve uma grande idéia, já que o Céu não podia descer totalmente à Terra e ele não podia subir por completo, poderiam marcar um lugar onde pudessem se encontrar sempre. Lá eles poderiam se unir e se manter juntos longe de tudo e de todos. Um lugar que seria só deles, e ninguém pudesse alcançá-los. E assim fizeram, Céu e Mar se uniram. Porém ao invés de atrair olhares de reprovação passaram a inspirar seres enamorados e poetas. Aquela união não fazia mal a ninguém e do contrário atraía os olhares apaixonados com toda aquela poesia criada.

      E foi assim que Céu e Mar formaram o horizonte! Minha divina inspiração! Não tento entender apenas admiro esse amor, que me inspira nos meus amores!!!

cælum mare
Meu horizonte
Indo muito além do meu horizonte...





por Deyvid Guedes em 02 de setembro de 2011

2 comentários:

  1. Nossa! Fazia tempo que eu não escrevia sobre o céu, sobre o mar e principalmente, sobre o horizonte!!! Tava faltando alguma coisa nesse blog... Ele já não tinha mais a mesma cara!!!

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  2. ...e fez muito bem em escrever sobre estas obras de Deus. Tão destacadas e ao mesmo tempo, até visualmente falando, tão únicas. Muito bom e viva esta natureza! Viva Setembro!!! abss!

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