quarta-feira, 28 de julho de 2010

Quem sou eu sem você?

Não sei o porquê, mas eu tenho a ligeira impressão de que eu nasci com dois meses de atraso. Meu sangue negro, que na verdade era mais vermelho que qualquer outro, já me denunciava e dizia qual seria a minha paixão. Das Trevas à Luz, a explosão do universo. Essa era a minha estréia aqui neste mundo. Além de vermelho, confesso que corria um pouco de azul e verde neste sangue por causa da influência materna, mas desde o ventre já sabia onde seria meu lugar, e de lá pra cá, este que vos escreve É só sorriso!!!
É de arrepiar! Mas foi aí que tudo começou... Daí em diante foi só viajar pelo mundo da fantasia, como um cigano, E a magia da sorte chegou. Chegou com Amor, sublime amor. Amor em caminhar pelas mais fantásticas histórias de pessoas quem antes eu sequer conhecia e passei a amar e cantar. Cantar como Bibi, uma homenagem ao teatro brasileiro, onde eu pude entender um pouco da arte atrás dos palcos. Conhecer um pouco da história brasileira através de Anita Garibaldi, Heroína das sete magias. E como não dar um Bravo! Bravíssimo! À Dercy Gonçalves, o retrato de um povo ? Show de popularidade e irreverência, que até bem pouco nos animava com sua simplicidade e humor. Sofrer e chorar junto com Orfeu, o negro do carnaval. E ainda conhecer a história da crioula que veio do oriente, atravessando a mongólia e toda a europa para chegar aqui, e depois de escrava se tornar Tereza de Benguela, uma rainha negra no Pantanal.  E ainda se encantar com O rei e os três espantos de Debret.
Mas nem só por vidas fui nessas minhas viagens. Vale o escrito, e como nunca tive muitas condições para me deslocar por aí em minhas férias, foi através das letras que me encantei com esta Aquarela do Brasil.. Dessa forma, como os Mercadores e Mascates, que por aqui se esbaldaram, fui eu me infiltrando por este Brasil, visões de paraísos e infernos.Fortalecendo minha fé, Pedi pra parar, e parou,acabei parando no Círio de Nazaré.Sonho realizado. A fé de um povo experimetada. Alma lavada! E por falar em alma lavada, tive que Virar o jogo e conhecer todo o sincretismo da Bahia, pura energia. E claro que esta teve um sabor bem especial! Tinha gosto do pecado, ou melhor, dos Sete pecados capitais. Quem nunca exagerou uma vez sequer que atire a primeira pedra...
Arquitetando folia lá fui eu, saindo de nossas terras e ganhando o mundo, pois sou Viramundo e nesta folia sou o Rei do mundo. Tudo isso para conhecer o México, o paraíso das cores sobre o signo do sol

".E o porque desde título?" Vocês devem estar se perguntando. Primeiro porque eu sem você, meu querido leitor, não sou nada... E porque em breve teremos a oportunidade de se deliciar com um povo que mais uma vez se une para mostrar para que veio e onde é o lugar que deve ficar. Ou melhor, de onde nunca deveria ter saído... Para isso mais uma viagem onde veremos que dependemos sim da união e força de um povo!!!
 
Que venha 2011!!!
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GRES Unidos do Viradouro
 
1989 - Mercadores e Mascates
1990 - Vale o escrito
1991 - Bravo! Bravíssimo! Dercy Gonçalves, o retrato de um povo
1992 - E a magia da sorte chegou
1993 - Amor Sublime Amor
1994 - Tereza de Benguela, uma rainha negra no Pantanal
1995 - O rei e os três espantos de Debret
1996 - Aquarela do Brasil no ano 2000
1997 - Trevas! Luz! A explosão do Universo
1998 - Orfeu, o negro do carnaval
1999 - Anita Garibaldi, Heroína das sete magias
2000 - Brasil Visões de Paraísos e infernos
2001 - Os sete pecados capitais
2002 - Viradouro Vira mundo, Rei do mundo
2003 - A Viradouro Canta e conta Bibi, uma homenagem ao teatro brasileiro
2004 - Pediu pra parar parou, com a Viradouro eu vou pro Círio de Nazaré
2005 - A Viradouro é só sorriso
2006 - Arquitetando folia
2007 - A Viradouro Vira o jogo
2008 - É de Arrepiar
2009 - Vira bahia, pura energia
2010 - México, o paraíso das cores sob o signo do sol
2011 - Quem sou eu sem você





(por Deyvid Guedes, esquentando os tamborins sem deixar o sentimento acabar!!!)

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Carta a um amigo

São Pedro da Aldeia, 20 de julho de 2010

     Amigo, voltei a encontrar-me com Deus...

     Na verdade dessa vez eu não fui até Ele, mas Ele veio ao meu encontro, e confesso que demorei pra perceber que estava falando comigo. Começou me dizendo que eu poderia chamá-lo da maneira que quisesse. Que essa história de Todo Poderoso, Senhor dos senhores e demais adjetivos a Ele atribuídos era coisa nossa, humanos. Ele não quer, e nunca quis, estar no topo de nossas vidas, como um objeto de valor que é taxado como o mais caro e por isso tem que vir primeiro. Tampouco ser rotulado o Supremo a quem temos a obrigação de prestar qualquer tipo de agradecimento. Ele me disse que sempre quis estar no meio de nossas vidas, e que, independente da ordem de importância das coisas que eu faça, Ele quer estar no centro de tudo. Basta que eu me permitar agir por Ele. E isso acabou interferindo na minha maneira de chamá-lo. Sempre o vi como Pai, mas porque todos o chamam assim, e Ele também me explicou que isso vem de há muito tempo, pois o homem, geralmente, sente a carência afetiva de um pai. É de se notar que na maioria das vezes os laços que unem mãe e filho são bem mais atados...
     Optei por chamá-lo de Irmão... Meu Irmão! Talvez o irmão, confidente, do mesmo sexo que eu não tive. Ou talvez pela falta de um verdadeiro relacionamento de irmãos, que eu nunca tive com minha irmã, mas este é um assunto para outra carta...
     Meu Irmão foi me mostrando a necessidade de uma relação de Amor. Um Amor sem expectativas. Com total desprendimento. Carinho e respeito. A partir do momento que eu me relaciono com uma pessoa e crio expectativas, eu não me permito amá-la no sentido mais puro da palavra. Vejamos um bom exemplo: Eu sempre busco estar próximo dos meus amigos nos momentos importantes de suas vidas. Sobretudo em seus aniversários, que eu julgo ser um momento importantíssimo na vida de cada um. Se eu crio uma expectativa, desta minha relação de preocupação em estar perto, vou me decepcionar, se no meu aniversário algum deles, por qualquer motivo que seja, esquecer de me felicitar pelo dia. A decpção é o fruto da expectativa que eu crio, e me impede de amar por inteiro...
     Sempre me perguntei e dessa vez decidi perguntar ao Meu Irmão. Como podia Ele, nos amar tanto e permitir que tantas coisas ruins nos acontecessem. Até que eu percebi que as coisas que julgamos serem ruins não são obras dEle, e sim consequências do que, nós homens, viemos gerando ao longo de muito anos, vivendo a nossa independência. Ser livre não significa ser independente. Dependemos sim, daquela relação de Amor que já fora citada antes e, a falsa sansação de liberdade nos torna seres independentes do verdadeiro amor e escravos das armadilhas do egoísmo. E eu na minha humilde humanidade ou humana humildade, não entendia ainda porque Ele, sendo Deus não intervinha em tantas catástrofes e tragédias q nos assolam, já que é o próprio Amor. Então, Meu Irmão me mostrou, que se pudéssemos ver a quantidade de males dos quais já fomos livrados por Tuas mãos, entenderíamos a imensidão do Amor. Porém intervir nas atitudes humanas é tirar de nós a dádiva do livre-arbítrio. Desta forma não viveríamos por nós mesmos, e sim da maneira que Ele quer, e esta não é sua intenção.
      Mas se Ele nos ama e sempre está conosco, como pode nos abandonar? "Eloim sabactani?" Essas palavras sempre ressoaram em meu coração como uma situação de total abandono... Como podia Deus, abandonar seu próprio Filho, ou melhor, Ele mesmo feito homem, em um momento de tamanha dor, que era a cruz? Fiquei pasmo no momento em que Meu Irmão me mostrou seus punhos. Então ele estava tentando me dizer que não abandonou Jesus naquele momento, mas sim que estava com Ele. Porque Jesus gritara "Pai, por que me abandonaste?" Foi difícil entender que o Pai, o Filho e o Espírito não podem nunca se separar, e que naquele momento ali Deus não estava sentado em seu trono no céu, como eu sempre imaginei, e sim estava sendo crucificado junto com o Filho. A expressão de Jesus vem de encontro a sua realidade humana, e assim como qualquer um de nós ele também se sentiu abandonado pelo Pai no momento em que sentiu a dor. Mas Meu Irmão me contou da tamanha emoção que sentiu no momento em que Jesus Lhe entrega o Seu Espírito. Mais uma vez estava sendo consumada a relação de Amor entre os três, e a Certeza superou toda a dor humana.
     Fui levado por Meu Irmão até um lugar onde eu comecei a visualizar toda a minha família. Via meu pai, minha mãe, minha irmã, minha sobrinha... Até que Ele me disse que eu deveria escolher uma pessoa que deveria ser condenada ao inferno. Não entendi o que estava querendo dizer com tal afirmação, até que toda aquela magia do encontro começou a se tranformar num pesadelo. Ele disse que naquele momento eu deveria escolher entre a minha sobrinha, que entrou na minha vida há um pouco mais de 3 anos, minha mãe, que já fez muita besteira e já me deu muita dor de cabeça, minha irmã, que assim como minha mãe já andou me tirando muito o sono, e meu pai, que já nos fez muito sofrer, para condenar apenas um ao fogo eterno. Gelei dos pés a cabeça. Eu jamais poderia me imaginar nessa situação. Julgando alguém. E o que é pior, julgando um dos meus... Minhas lágrimas rolavam, meu copro tremulava, minha cabeça balançava em sinal negativo enquanto Meu Irmão insistia para que eu escolhesse apenas um. Mesmo com tantos motivos eu não poderia jamais desejar o pior castigo que fosse para qualquer uma daquelas pessoas... Ele insistia e eu cada vez mais tomado pela agonia não conseguia conter tamanha dor em meu coração. Até que num grito de desabafo, ou desespero, eu pedi que me condenasse. Que se alguém mesmo tivesse que ir para o tal inferno que este alguém fosse eu mesmo e nenhuma daquelas pessoas ali sofressem com minha escolha... Meu Irmão sorriu! E  eu me desperei ainda mais... Como podia Ele, depois de tantas lições de amor, poder me colocar em xeque assim e ainda sorrir pelo meu desespero? Ao perceber meu pensamento me olhou nos olhos e disse que eu estava começando a entender a verdadeira dinâmica do Amor, e que a partir de agora eu só precisava sentir este mesmo Amor sem distinção e não mais julgar Deus como um cruel carrasco que se diverte conosco, humanos, de um trono bem longe lá no céu. Quando percebi que niguém seria condenado por mim, lágrimas de gratidão e alívio rolaram por meu rosto. Passei a compreender o que há muito eu mesmo julgava e não compreendia. A tal jutiça de Deus, que muitos insistem em lançar pelos ares como se fosse muito simples, quando na verdade os juízes somos nós...
     Pra completar me mostrou que sua verdadeira Igreja só caminhará ao seu encontro a partir do momento em que passar a Amar e não julgar...
     Passada esta experiência chegou um momento em que Meu Irmão me disse ser talvez o mais importante daquele encontro de Amor. Era hora de aprender a perdoar e ser perdoado. É inútil querer viver o Amor sem viver o perdão. Amor sem perdão é um amor falso, uma hipocrisia. E não apenas reconhecer minhas faltas e pedir perdão, mas o que pode ser mais difícil, entender que somos humanos, falhos, e perceber que todos podemos errar e assim da mesma forma todos merecemos perdão.  Era extremamente incomodo rever as feridas em meu coração. Na verdade, cravos fincados por mim mesmo que me sufocavam ao ponto de não me permitir amar por inteiro. Pessoas que me magoaram e eu não consegui perdoar, pessoas que eu magoei e não consigo pedir perdão... Realmente a cura por inteiro precisa de muita disponibilidade da alma, mas a recompensa é tamanha. Acreditem!!!

    É meu amigo, passar pela experiência de estar na presença de Deus mais uma vez é a cada dia mais magnífico, e desta última me deixou em um estado de êxtase que até agora eu não consigo explicar, mas a alegria tomou conta do meu coração. Espero nunca esquecer de cada palavra proferida da boca de Deus, e eu só tenho a agradecer a você, Meu Irmão, que me proporcionou esta viajem para dentro de mim mesmo em um momento em que muito precisava refletir em cada uma dessas palavras...
Eu te amo!
Obrigado por existir em minha vida!!!

Deyvid Guedes

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Hoje eu conversei com Deus...


Foi estranho! Outras pessoas também conversavam com Ele, então eu esperei um momento em que Deus pudesse me dar atenção exclusiva...
Eu estava meio nervoso, quase desisti de entrar na sala onde Deus me atenderia. Via o ponteiro girar cada vez mais rápido, e nada de Deus ter um tempo só pra mim. Minha impaciência transformara-se em agonia, e eu já desejava não mais estar ali. Senti medo do que Deus pensaria das coisas que eu tinha pra dizer, medo de qual seria a reação de Deus, medo de não ter coragem de dizer tudo o que eu tinha realmente pra dizer... Eu sequer teria a ousadia de olhar Deus nos olhos.
Até que eu entrei onde Deus me esperava. Aquele lugar só podia ser um pedaço do céu, e eu ali, vestido de inferno ainda pensei em não dar o segundo passo. Mas Deus com um sorriso ímpar me convidava a sentar-se ao seu lado.
Como era de se esperar, eu não olhava em Seus olhos. Sua divindade ofuscava minha humanidade, e não me permitia levantar a cabeça. Mas mesmo assim eu comecei a dizer o que eu tinha para Lhe falar.
Falei de tudo o que me oprimia. Falei do que me desanimava. Falei das coisas que ao longo do meu percurso me faziam estar cada vez mais longe daquela doce presença... Apesar de tanto medo eu fui ficando à vontade para falar de tudo! Quando dei por mim Ele não só me ouvia, mas também fazia perguntas dos detalhes...
Era um pouco incômodo, porque a essa altura eu já O olhava nos olhos, e a profundidade daquele olhar me atravessava a alma... Não conseguia entender o porquê de tantas perguntas, já que Ele sabia todas as respostas. Confesso que por mais um instante eu voltei a ter medo de Deus. Meus olhos se enchiam de lágrimas e eu desabafava coisas da alma que acho que nem eu mesmo sabia que me incomodavam tanto. E todo aquele medo se dissipou quando fui surpreendido por um abraço.

Não! Não era o abraço de um amigo, não era o abraço de um irmão, não era o braço da minha namorada, não era o abraço do meu pai e nem sequer o da minha mãe...

Era "O" abraço!

Era o abraço de Deus!
Me envolvia de tal forma que, nem se eu quisesse, conseguiria fugir. Sem forças, tornei-me prisioneiro dos braços que me acolhiam e me faziam voltar a sentir-me mais humano. Um êxtase tomou conta de minh'alma e por questão de segundos eu senti a eternidade do abraço de Deus. E já não mais queria pensar em outra coisa a não ser sentir aquele abraço pra sempre, que vinha acompanhado de palavras tão suaves que soavam como músicas ao meu ouvido.

Voltei a sentar-me diante do Meu Deus... e agora era a minha vez de ouví-lo!
Fui ficando cada vez mais à vontade. Ouví-lo era confortante demais! 
Deus me perguntou se eu não tinha mais nada para dizer...e eu repondi que não. Então Ele me pediu para pensar um pouquinho mais e voltar outro dia, porque ele tinha certeza que eu tinha muito mais coisas para Lhe apresentar além de minhas faltas, angústias e medo. Ele me disse que sabia que eu teria muita coisa boa para Lhe dizer mas que eu estava apenas me preocupando e contar as "coisas pequenas". Eu não poderia deixar que tais coisas me humilhassem e me fizessem sentir tão inútil, pois dessa forma eu apenas dava mais atenção a elas do que as coisas que realmente importavam para Ele. Então eu comecei a tentar falar, mas Deus me impediu... Disse que se eu comessasse a contar àquela hora eu não voltaria, e que o mais importante seria a minha volta. Sem medo, sem culpa, sem aquele olhar depressivo que eu entrei naquele lugar, sem aquele meu semblante que me tornava o pior homem da face da Terra... Deus me pediu mais de mim! Que eu me valorizasse por quem eu realmente sou! Que eu provasse para mim mesmo que eu sou melhor do que eu penso! Que eu começasse a refletir e descobrir o "grande homem" que sou! E não colocasse minhas faltas acima das minhas virtudes, e que só dessa forma eu encontraria realmente valor em minha vida...

Foi a experiência mais fantástica que vivi até os dias de hoje! E ao sair Deus se despediu com as seguintes palavras:

"Muito obrigado por ter vindo até Mim! Você não sabe o bem que hoje Me fez!!!"



(por Deyvid Guedes, em 29 de junho de 2010)