sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Nascer de novo para o novo...

E de repente de novo aquela mesma dor...
A dor do parto!
Nascer dói... o parto dói... mas a dor é necessária para gerar a vida.


Tudo muito novo de novo, e como se fosse a primeira vez...
Sentir os mesmos medos de antes, as mesmas angústias, as mesmas aflições...
Nascer de novo dói!



E mais uma vez tentar se fazer forte. Bloqueios e resistências em vão.
A natureza nos empurra para fora. Tá na hora de nascer... mais uma vez!

Sair da escuridão da placenta, que foi criada para lhe proteger do externo, e mais uma vez vir a vida.
Sim, é mais confortável ter tudo sem esforço e estar sempre protegido, mas nascer é necessário.

É preciso sentir a mesma dor para conhecer o que nos espera lá fora.
Aprender tudo outra vez.
O primeiro choro... a primeira fome... e logo de cara o primeiro medo... até sentir o primeiro carinho...
Mas a confiança não se estabelece logo de cara. Não é qualquer saciedade que nos compra.
É preciso aprender muito mais...
Reconhecer pelo carinho... pelo cheiro... pelo calor... pelos sons...
Depois abrir os olhos e começar a definir formas... cores... texturas...



Mesmo com tanto temor, começamos a retribuir, involutáriamente, tanta demonstração de afeto
E a primeira resposta é um sorriso sincero, que desperta no fundo da alma o mais puro sentimento de gratidão.

E o aprendizado não para.
Vem o erguer-se... a tentativa em vão de independência...
E o primeiro passo... a primeira palavra...

Nascer doeu... crescer pode ser ainda mais doloroso...


Certa vez eu ouvi "É preciso morrer para viver"...
Um dia eu não tive medo de morrer... então por que este medo todo de voltar à vida?

Nascer de novo dói...




por Deyvid Guedes, em 19 de outubro de 2012




sábado, 23 de junho de 2012

Amadurecência

Parto...

Parto...

A poesia prevalece!!!

O primeiro senso é a fuga.

Bom...

Na verdade é o medo.

Daí então a fuga.

Evoca-se na sombra uma inquietude

uma alteridade disfarçada...

Inquilina de todos nossos riscos...

A juventude plena e sem planos... se esvai

O parto ocorre.


Parto-me...

Parto-me...

Parto-me...



Aborto certas convicções.

A bordo demônios e manias

Flagelo-me

Exponho cicatrizes

E acordo os meus, com muito mais cuidado.

Muito mais atenção!

E a tensão que parecia não passar,

"O ser vil que passou pra servir...

Pra discernir..."

Pra pontuar o tom.

Movimento...

Som...

Toda terra que devo doar!

Todo voto que devo parir

Não dever ao devir

Não deixar escoar a dor!

Nunca deixar de ouvir...

Com outros olhos!

Com outros olhos!

Com outros olhos!

(Fernando Anitelli)









sábado, 16 de junho de 2012

Seres alados vêm perturbar meu sono...
Me tiram da calmaria dos meus sonhos rotineiros e me levam por lugares onde não queria mais pisar...
A nostalgia toma conta e começo a reviver uma vida, inacabada, ao contrário do que eu pensava.
Então eu percebo que os sonhos por onde passeio ainda são os sonhos que vivem em mim
Seres alados me levam de mim e me fazem pensar como o outro
Me fazem largar meu mundinho de solidão e reviver um mundo novo em que outrora eu populei

Seres alados me carregam nos braços e me jogam num caleidoscópio de lembranças
Das promessas de nunca deixar a chama se apagar que eu não cumpri
Ou cumpri porque ainda arde aqui dentro

Seres alados me trazem imagens do verões passados
Do passeio de barco, do banho de mar, o pôr do sol na lagoa
A baleia gigante, o caminho sinuoso na mata em busca do paraíso
O banho de chuva, os corpos molhados ou suados que se abraçavam

Seres alados me levam mais uma vez a outras primaveras
Das flores exóticas, e o chafariz no jardim
Do chapéu engraçado que surge por trás de um ramalhete
Das noites intermináveis e incansáveis
Dos longos dias de espera

Me fazem reviver dias de outono
Com o friozinho típico da estação
E o passeio por sobre as águas em meio à tantos outros enamorados
Os caldos, as quadriculadas vestimentas, o vinho que anima e esquenta
O cheiro da manga rosa, com sua mancha azul

Seres alados me trazem de volta os invernos e as chuvas
Tempestades acalmadas com um simples abraço que esquenta
Das noites dormidas abraçados e a sensação de que aquilo nuca mais iria se acabar
Da tristeza de acordar e se despedir
Do anseio em ver de novo

Seres alados me trazem a nostálgica sensação de que um dia eu tive tudo o que mais amava em minhas mãos
E que hoje vivo a procura do que sempre soube onde encontrar
Seres alados me olham nos olhos em meu sonho e me dizem que eu sei exatamente onde encontrar a felicidade
e que eu sou tão tolo por me sentir sozinho

Seres alados me trazem de volta a realidade, mas não me derrubam da cama
Esperam apenas que um dia eu acorde dos meus sonhos e tenha coragem de torná-losrealidade...




Por Deyvid Guedes em 16 de junho de 2012

Coração idiota

E vai batendo uma saudade...
Da vida que outrora vivi
Dos momentos clichês que me permiti passar
De tanta coisa idiota que só um coração apaixonado entende
Mas que hoje faz tanta falta!!!

Ah coração idiota!
Que saudade de tê-lo assim de novo
Tão abobalhado e perdido entre olhares
Hoje ainda bate constante, ainda és feito de carne
Mas teima em fingir-se de pedra

E uma simples canção é capaz de derretê-lo
E lembrar momentos, reviver histórias
Não uma canção qualquer
Não a mesma canção que todos os corações apaixonados balançam quando ouvem
Mas a sua canção
Aquela feita só pra você e mais ninguém

E de pensar que todo este mundo já foi seu
Mas decidistes abandoná-lo
Foi a melhor escolhe que a razão fez
Mas em momento algum ela lhe consultou, pobre coração
E a cada dia que passa te tornas mais doente por conta das atitudes desta tal razão
Não adianta! Vocês nunca entrarão em um acordo!


E a mente só lhe repassa as lembranças
Da tarde no jardim em meio a chuva
O cheiro do perfume das flores se misturando
Já podes até sentí-los de novo
E entre jaulas e animais acasalando, vem a lembrança de mais tardes chuvosas
Ou dos abraços pra esquentar o friozinho a beira do lago
Corações brilhando no peito, num belo e estranho dia pra se ter alegria

Tantas coisas... Tantos momentos...
Onde isso tudo foi parar?
Cadê aquela mesma garra de sempre?
E as promessas de não deixar a chama se apagar?
E tudo aquilo vivido e batalhado para conquistar o seu mundo?
"No início achei que era um sonho..." E hoje não passa disso...

Hoje só lhe restam lembranças coração idiota! Que nunca soube se entender com a razão!
Talvez seu tempo tenha acabado...
Talvez nunca mais voltes a bater como antes...

Talvez tudo não continue passando de memórias e saudade...
Ou realmente não passou de um sonho!






E o que mais lhe martiriza é saber que o problema todo é você... Coração idiota!



Por Deyvid Guedes em 16 de junho de 2012

quarta-feira, 14 de março de 2012

Deus me fez poeta...

Deus poderia ter-me feito cego. Destes que não enxergam a vida passando e preferem se lamentar antes de olhar a sua volta e ver que nunca está sozinho...
Deus poderia ter-me feito surdo, incapaz de adimirar o canto dos pássaros por estar mais preocupado com o toque do celular, o som das buzinas, do motor do carro, da máquina de impressão...
Deus poderia ter-me feito sem pernas, destes que preferem passar parte de seus dias trancados em um quarto na frente de um computador a admirar um pôr-do-sol à beira do mar...
Deus poderia ter-me feito sem o olfato, destes que nunca pararam em um jardim para apreciar o perfume de um jasmim sequer...
Deus poderia ter-me feito insensível, destes que são incapazes de dar ou receber um carinho que seja...
Deus poderia ter-me feito mudo, destes que não tem uma palavra de apoio, só pessimismo e baixo-astral...
Deus poderia ter-me feito diabético, incapaz de ser e lidar com pessoas doces...
Deus poderia ter-me feito anão, dos que só enxergam a vida por baixo e são incapazes de pensar alto...
Deus poderia ter-me feito obeso, deste que só ocupam espaço mas moralmente não tem peso algum...

Mas o que Deus fez de mim?
Deus me fez poeta!
E me deu o dom de enxergar além da alma..
Deus me fez sensível a ouvir o choro do recondito da alma...
E me fez capaz de alcançar distâncias jamais exploradas. Me fez ir a lugares onde jamais imaginei pisar...
Deus me fez poeta!
E me fez perceber a beleza do perfume de uma flor, sua pele-pétala suave, sua formosura, seu encanto...
Deus me fez poeta!
E me fez com braços fortes para proteger e suaves para acariciar...
Deus fez sair dos meus lábios, doces melodias ao recitar meus versos...
Deus me fez enxergar o mundo através sentimentos...
Me deu um coração para amar...olhos pra chorar...cabeça pra sofrer...lábios para sorrir... E mãos!
Mãos que  que trazem, de onde não sei, a inspiração que também foi Ele que me deu.
Deus me fez poeta para amar!
Deus me fez poeta para sorrir!
Deus me fez poeta para sofrer!
Deus me fez poeta acima de tudo para transmitir em palavras o que nem todos conseguem perceber e sentir...

E que bom que Deus me fez assim saudável.
Saudável destes que mesmo que se perca todos os sentidos, não perde jamais o amor e o sorriso!






por Deyvid Guedes, em 14 de março de 2012
(Dia Nacional da Poesia)

terça-feira, 13 de março de 2012

"Quem conhece um sorriso de verdade sabe que nem todo palhaço é feliz"

O palhaço não quer sorrir...

Não quer sorrir e nem fazer sorrir...
Por um instante o circo fechou. As crianças trazem em seu semblante a tristeza que refletem do palhaço. A flor que jorra água está abandonada num canto e as piadas, soltas pelo ar, são meras palavras lançadas ao vento.
O dono do circo já não sabe mais o que fazer: "Onde já se viu, circo sem palhaço?"
Um mundo sem magia, sem risos e sem alegria... Até as tintas estão perdendo a sua cor...
O mágico tenta de tudo com sua cartola. O trapezista vai o mais alto que pode para buscar a solução. A contorcionista tem se dobrado ao meio tentando ajudar.
Todos querem a volta do palhaço!!!

A alegria tem que voltar...
As crianças precisam sorrir!!!
O palhaço tem que voltar...
O circo não pode parar!!!
O palhaço tem que voltar...
A festa vai continuar!!!
O palhaço tem que voltar...
O mundo não vai parar de girar!!!

O palhaço tem que voltar...
O palhaço tem que voltar...
O palhaço tem que voltar...






por Deyvid Guedes em 25 de Outubro de 2008


sexta-feira, 9 de março de 2012

À mulher da minha vida...

      E me olhou nos olhos, me disse que me amava. Com seus beijos doces acariciava meu rosto, e me deixava a forte sensação de que era naquele colo onde eu queria passar o resto da minha vida. Sua voz mansa me pedia para nunca abandoná-la, e me pedia perdão por todo erro que havia cometido.
      Depois de tanta dor e sofrimento, falava de recomeço, perdão, vida, amor...e me falava sobre um anjo que a havia visitado e a feito pensar e refletir sobre estas coisas. Parecia me amar mais do que a ela mesma, e aquele carinho me emocionava cada vez mais.
      Eu queria chorar...eu queria sorrir por vê-la ali comigo. Pensei que tal cena jamais se repetiria. Cheguei a pensar que a perderia para sempre... Mas não! Estávamos ali...apenas ela e eu. Naquele quarto sombrio, que se transfomara no nosso recôndito da troca de amor. Eu me aconchegava em seu colo e só queria ouvir um pouco mais da sua voz... Agradecia a Deus, enquanto a ouvia, por estar vivendo mais uma vez aquele momento e por nada daquilo ter se perdido. A felicidade em ter aquela mulher do meu lado era tamanha que levava minh'alma ao êxtase.
      E eu, que cheguei a pesar na despedida, sou o homem mais feliz do mundo por ainda tê-la ao meu lado. Ainda hje, três anos e quatro meses depois deste dia, sempre que posso procuro o aconchego daquele colo que me acolhe. Ainda hoje procuro os beijos que me afagam e o eu te amo verdadeiro que me conforta.
      Erros, falhas e decepções ainda acontecem. Pobre dos humanos, falhos! Mas se não fossem nossas falhas, não exercitaríamos frequentemente a força e o poder do amor e do perdão.


 
Obrigado meu Deus, por colocar esta mulher em minha vida!
Obrigado meu Deus, por mais que isso.  Obrigado por ter me colocado em sua vida e me entregue aos seus cuidados!

Obrigado Mãe! A maior mulher que já pode ter existido em toda a minha vida!!!






por Deyvid Guedes em 08 de março de 2012



Quem esteve do meu lado durante aqueles 20 dias, de um pesadelo que se iniciou em 20 de outubro de 2008, enquanto minha mãe permaneceu internada no CTI, sentirá exatamente o que eu senti enquanto escrevia este texto. A vocês o meu muito obrigado por me dar toda a força que eu precisei quando, depois de uma forte depressão, minha mãe tentou suicídio por envenenamento. Com ela eu morri naquela manhã de 20 de outubro e com ela ressucitei 20 dias depois, e isso eu devo ao amor de vocês. À minha sobrinha, o anjo que deu um beijo na testa da minha mãe (ainda com 1 ano de idade), naquela mesma manhã, e disse um "eu te amo" que a fez levantar daquele leito de morte, um dia eu terei a oportunidade de agradecer de um jeito que ela entenda. A todas as mulheres, uma dedicatória especial, pois não consegui postar ontem, dia internacional da mulher. E a todos que lêm este blog, esta singela homenagem ao amor e a vida. Depois destes dias eu aprendi como nunca a amar a vida!

terça-feira, 6 de março de 2012

Chuva de contos...

Ele caminhava pelas ruas da cidade, feito criança com brinquedo novo.
Quase tudo havia dado errado àquela noite. Quase tudo dera errado àquele ano que se findou. Mas ele caminhava feliz... Corria, subia nos obstáculos, em meio à chuva.
Aquela chuva parecia lavar-lhe a alma! Chutava poças de água, e a essa altura já nem se importava mais se estava encharcado, ou se o seu sapato, banco, estava sujo.
Era uma alegria que nem ele mesmo sabia de onde vinha...


Cinco dias antes... 361 dias de muitos desafios já haviam se passado. E ele tomara uma decisão. Sairia mais uma vez para o seu deserto. Os próximos quatro dias que ainda restara daquele ano seria de isolamento. Ele sabia que estaria só o tempo todo, mas era disso que ele precisava... Forçava uma felicidade, mas no fundo no fundo não era bem assim que ele estava se sentindo. Muitas coisas ainda o entristecia, dentre estas coisas estava a saudade.
Saudade de coisas, pessoas, lugares... Porém ele decidira ser feliz! Era isso o que realmente importava, mesmo que para tal, tivesse que deixar para trás muita coisa que amava.

Em meio a um turbilhão de informações que passava pela sua cabeça, algo ainda o incomodava muito. Queria falar, ouvir a voz...mas o seu medo de arriscar mais uma vez o travava em seus pensamentos.
Sem nem mesmo saber o porquê, encheu-se de coragem e no seu celular escreveu uma mensagem "Você pode não acreditar, mas eu sinto saudade! De verdade..." A enviou, mas por conta de todos os fatos já ocorridos, nem tinha esperança alguma de receber uma resposta. E de repente, o seu telefone vibra "rs... Você pode não acreditar, mas eu acredito!" Naquele momento já não sabia mais o que pensar...não sabia nem mesmo como interpretar aquela resposta. Mas tinha uma certeza, a de que feridas começavam a ser curadas naquele momento. O que ele precisava era de cuidado para ajudar na cicatrização e não tornar a abri-las.




Seus quatro dias de deserto passaram rápido. Enfim, era noite de reveillon. Praia, tumulto, felicidade estampada na face de todos. É bom que a gente seja assim! É bom que a gente se iluda com o fato de que, depois de 365 dias, com apenas um giro no ponteiro do relógio, tudo vai ser diferente. Tudo vira do avesso e milagres acontecem. É a magia da vida, renovando esperanças em nossos corações.
Bendito o homem que inventou a comemoração pela passagem do ano. Quando a alma já está cansada, a esperança se renova e partimos de novo do princípio.

Mas em meio àquela multidão que clamava por paz, amor, saúde, prosperidade e felicidade...mais uma vez ele se encontrava sozinho. Alguns desencontros, as linhas telefônicas congestionadas, e ele perdido, esperando o novo ano...sozinho! Como já se sentira a maior parte daquele ano que se despedia, mesmo estando rodeado de amigos. Mas desta vez ele estava só...literalmente!
Fogos... Magia... Felicidade... Sorrisos nos rostos de quem estava a sua volta... Ele tentava sorrir, para não iniciar um ano já com tristeza em seu coração.
E por um momento ele decidiu curtir o visual sem se deixar levar pelos fatos...



Mas algo no decorrer daquela noite, a transformaria em fantástica. E ele nem podia imaginar o quanto.


De repente, um telefonema...mais alguns contratempos...e um encontro. Sim! Seu coração palpitava!
Há tempos ele não via a masidão daquele olhar. Há tempos aquela voz não acariciava seus ouvidos. Há tempos não sentia nada tão confortante quanto aquele abraço. Há tempos não sentia aquele perfume.
Em frações de segundos esquecera tudo o que havia lhe acontecido até aquele momento, e tudo passou a ser aquele momento.
"Você pode não acreditar, mas eu acredito!"

Ele se lembrava. E aquele sorriso que ele via se abrir era sincero. Nada forçado.Sentia que que tudo poderia ser diferente. Sentia que ali estava a chance de um novo começo de uma nova história. Sentia que não estava desacreditado. Não mais...


Depois de tanto tempo sem se verem, o que mais tinham era assunto para colocar em dia. E assim foi. Conversaram... Riram... Contaram como andava a vida... Caminharam juntos por um bom tempo, e nem se importavam com a chuva que os encharcava. Aliás, nem se lembravam mais dela. Em nenhum momento sequer conversaram sobre eles... Era um papo de bons e velhos amigos apenas. Mas mesmo assim ele estava feliz!
Ele aprendera com o tempo a não criar expectativas e aproveitar as coisas boas enquanto elas aconteciam. E aquilo que estava acontecendo naquele momento era bom. Fazia-lhe bem. Ele não queria que aquele instante se estragasse por nada. E não se estragou!

Se despediram e ele seguiu seu caminho, que naquela noite tornara-se mais longo, de volta pra casa...

Ele caminhava pelas ruas da cidade, feito criança com brinquedo novo.
Quase tudo havia dado errado àquela noite. Quase tudo dera errado àquele ano que se findou. Mas ele caminhava feliz... Corria, subia nos obstáculos, em meio à chuva.
Aquela chuva parecia lavar-lhe a alma! Chutava poças de água, e a essa altura já nem se importava mais se estava encharcado, ou se o seu sapato, banco, estava sujo.
Era uma alegria que nem ele mesmo sabia de onde vinha...
Ou melhor... Ele sabia exatamente de onde vinha tanta alegria, e decidiu ir atrás dela.

Conquistar é algo muito fácil. O difícil é, depois das mágoas, das decepções e da ferida aberta você conseguir reconquistar. Este é o grande desafio. Reconquistar, sendo você mesmo, sem máscaras.

E ele topou o seu mais novo desafio! Não entraria neste para perder... E desistir? Jamais!




por Deyvid Guedes, em 01º de janeiro de 2012





"Não sei mas sinto, uma força que embala tudo
Falo por ouvir o mundo, tudo diferente de um jeito bate" (André Carvalho)

segunda-feira, 5 de março de 2012

"My heart is beating!"

E continua...
Feche os olhos...silencie...perceba! É a vida que pulsa aí dentro de você!
Talvez cansado, abatido...um pouco flagelado pelo dia a dia... Mas ainda bate!
Eu nunca disse que te amava porque eu mesmo não sei medir a grandeza do que eu sinto. Nunca lhe pedi nada, nem fiz da amizade uma troca de favores. Mas hoje eu venho aqui lhe propor uma troca. Com meu coração nas mãos lhe peço, aceite-o e me permita receber o seu.
Deixe-me cuidar do teu coração, curar as feridas, afagá-lo em meu peito...sentir a dor que tanto o aflige. Não se preocupe comigo...deixe-me partilhar da dor e multiplicar as alegrias.
E com o meu, me permita lhe mostrar como é bom sentir um pulso forte no peito. Me permita mostrar que a vida ainda tem sentido e que você faz todo o sentido em uma vida. Me deixe proporcionar os mais verdadeiros sorrisos, as mais sinceras alegrias... Buscar no dia a dia o que o tempo vai nos tirando.
Vamos deixar os ar-condicionados dos escritórios de lado e sair por aí sentindo o vento fresco no rosto. Esquecer que existem aquecedores e tomar banho de sol pela manhã. Dançar até quando não houver música... Beber até cair...cair um pra cada lado e sorrir disso. Comer chocolate ou aquela receita que não deu certo. Lambuzar a cara um do outro com cobertura de bolo. Brigar feito crianças e depois se reconciliar com gargalhadas. Tomar sorvete no frio. Banho de mar. Brincar na chuva... 


Percebe quanta coisa gostosa já fizemos e nem percebemos. Vamos voltar no tempo, fazer tudo de novo, com mais vontade, intensidade... Não. A vida não acabou. Ela continua! E está aí...esperando por nós! Querendo rir conosco, ou de nós...que tanto debochamos dela. 
Me deixe te fazer feliz!


Não espere ouvir de mim todos os dias sobre o amor que sinto. Mas permita-me mostrá-lo e perceba o quanto ele só cresce. Amar é sim incondicional. Se impormos condições a palavra amor perde o sentido...
Quero ver de novo o 'verde-que-te-quero-verde, No prado viçoso e luzidio, Espumando vida' de Jan Muá ressurgir brilhante depois da seca que o assolou e hoje já não tem mais poder sobre ele.
Sim...nossos corações estão batendo. No mesmo ritmo, na mesma sintonia...embalados pelo que a vida tem de melhor a nos proporcionar...
Permita-nos viver?

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Loucas crônicas confusamente paradoxais

Triste noite no quarto da solidão...
Prometi pra mim mesmo que seria feliz e nada me atrapalharia. É preciso dar o primeiro passo e fugir desta imensa escuridão.
Sair sem destino, sem compromissos com o tempo... Viver a vida com o que ela tem de melhor pra me oferecer. Vento no rosto, adrenalina no sangue e a doce sensação de que nunca mais estarei sozinho. Carros que cruzam meu caminho não conseguem desviar minha atenção e meu olhar adiante. 
Tem dias que preciso apenas de um abraço. Corações batendo em sincronia, silêncio nos lábios e palavras saindo do peito. E encontro isso onde menos espero. Se precisar de um ombro pra chorar, sem nem mesmo perceber em instantes estou me desfazendo em gargalhadas. Se preciso sair por aí e respirar ar puro, encontro companhia nos pés que me acompanham. Quando de carinho e afeto precisei, encontrei nas mãos que me acariciaram. Mesmo na noite nublada eu pude ver o brilho da lua. Em dias frios, tive o calor do sol pra me aquecer. Olhos nos olhos, e eu vejo o meu reflexo no espelho que traduz exatamente quem eu sou... As palavras que me encantam me fazem refletir e sonhar com um novo dia!

Como num passe de mágica, tudo some a minha volta e percebo que não sai do ponto de partida. O frio e a solidão ainda me assolam entre as paredes do meu quarto. Altos e baixos, num mundo tão bipolar, como um camaleão vou me adaptando ao meio, da mesma forma, sem me tornar diferente. E vivo neste mundo de idas e vindas, alternando meu humor entre alegrias e tristezas.

Tão repleto e tão vazio. Posso ter tudo a minha volta e ter a sensação de que nada tenho. Tão feliz comigo mesmo e me entristecendo com minha própria pessoa. Repleto e cercado de amigos, afogado na solidão. Paradoxos me sufocam. O que amo tanto se torna para mim motivo de profundo ódio. Do céu ao inferno em questão de segundos...

De tanto levar porrada apanhar dessa vida, fui aprendendo a ser feliz comigo mesmo. Aprendi a me amar antes de qualquer coisa.. Aprendi a sorrir e amar meu sorriso, aprendi a ser eu mesmo e a amar meu jeito de ser, aprendi a ser verdadeiro e amar minha sinceridade, aprendi a chorar quando sentir vontade e a me reerguer quando for preciso. Mas ainda falta alguma coisa... Será que falta mesmo? Aprendi tanto ter amor próprio que acabei esquecendo de aprender uma coisa: Ser amado! Já chorei por quem não me ama e já fiz chorar quem me ama de verdade. Já fiz loucuras por amor e já chamei de louco quem enlouqueceu (perdoe-me a redundância) por minha culpa... Errando alvos certeiros e acertando os errados. 

Vivendo, batendo, apanhando, se flagelando... Amando, odiando... Querendo, desprezando...
Sigo esta porra de vida vivendo desaprendendo, sorrindo, chorando...

E aqui encerro com uma frase do poeta Fernando Anitelli, em uma de suas letras:


"Basta as penas que eu mesmo sinto de mim
 Junto todas, crio asas, viro querubim" 
(Cuida de mim - O Teatro Mágico)




por Deyvid Guedes em 16 de setembro de 2011

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

E se perguntarem por mim?

Se alguém perguntar por mim, me faz um favor?
Diga que fui ali, viver e já volto?
É isso mesmo!
Diga que eu fui perdendo o medo da vida e, conforme diz a canção, estou deixando ela me levar...
Chega de complicar! Os mistérios vou deixando de lado e curtindo as coisas simples, que antes eu deixava passar despercebidas. Passo a passo... Um dia após o outro... É assim que estou vivendo.
O que eu quero encontrar,procuro, e se não encontro, não sofro por isso...vou vivendo!
Esperanças?
Perdi todas! Ou melhor, aprendi a viver sem elas. Tem muita coisa acontecendo hoje, estou sem tempo de parar e sonhar com o dia de amanhã. E se amanhã eu já não estiver mais vivo? Melhor esperar e deixar o amanhã chegar né?!
Não acha?
Desculpe, mas achei melhor viver assim... E vou vivendo!
Sonhando com a minha realidade ao invés de tentar realizar sonhos.


Se alguém perguntar por mim, diga para me procurar apenas se quiser viver da mesma forma. Que não venha atrapalhar a minha vida.
Diz que eu estou apreciando um pôr-do-sol ou a simplicidade de um olhar. Diz que estou me banhando ao mar ou valorizando a beleza de um sorriso. Diz que estou curtindo um banho de chuva no verão ou rolando morro abaixo na grama e me matando de rir.


Ao invés de ir atrás de pessoas e coisas de valor, estou aprendendo a fazer os meus momentos valerem a pena!


Se alguém perguntar por mim, diz que eu não estou imaginando com quem eu possa me casar um dia, mas que estou parando meu tempo no conforto de um abraço. Diz que eu não quero mais me importar se o dia é de sol ou de chuva, quero é viver e tirar proveito das particularidades de cada clima.


Se alguém perguntar por mim, diz que hoje eu não consulto meu horóscopo ou a previsão do tempo. Já deixei muito que eles interferissem nas minhas decisões, quando na verdade quem estava errado eram eles, e não eu.


Se alguém perguntar por mim, me faz um favor, diz que estou muito atarefado vivendo a minha vida, ao invés de tentar decifrá-la... Quando se sabe todos os caminhos que levam ao fim do jogo, ele perde a graça...
Diz que eu cansei de procurar pelo "felizes para sempre" e passei a transformar a minha felicidade de agora em eternidade.


Se alguém perguntar por mim, me faz um favor?
Diz que estou por aí...
Vivendo!
E que não me atrapalhem, ou tentem me impedir!


Diz que fui ali... Viver e já volto!



por Deyvid Guedes, em 15 de Janeiro de 2012