sábado, 23 de junho de 2012

Amadurecência

Parto...

Parto...

A poesia prevalece!!!

O primeiro senso é a fuga.

Bom...

Na verdade é o medo.

Daí então a fuga.

Evoca-se na sombra uma inquietude

uma alteridade disfarçada...

Inquilina de todos nossos riscos...

A juventude plena e sem planos... se esvai

O parto ocorre.


Parto-me...

Parto-me...

Parto-me...



Aborto certas convicções.

A bordo demônios e manias

Flagelo-me

Exponho cicatrizes

E acordo os meus, com muito mais cuidado.

Muito mais atenção!

E a tensão que parecia não passar,

"O ser vil que passou pra servir...

Pra discernir..."

Pra pontuar o tom.

Movimento...

Som...

Toda terra que devo doar!

Todo voto que devo parir

Não dever ao devir

Não deixar escoar a dor!

Nunca deixar de ouvir...

Com outros olhos!

Com outros olhos!

Com outros olhos!

(Fernando Anitelli)









sábado, 16 de junho de 2012

Seres alados vêm perturbar meu sono...
Me tiram da calmaria dos meus sonhos rotineiros e me levam por lugares onde não queria mais pisar...
A nostalgia toma conta e começo a reviver uma vida, inacabada, ao contrário do que eu pensava.
Então eu percebo que os sonhos por onde passeio ainda são os sonhos que vivem em mim
Seres alados me levam de mim e me fazem pensar como o outro
Me fazem largar meu mundinho de solidão e reviver um mundo novo em que outrora eu populei

Seres alados me carregam nos braços e me jogam num caleidoscópio de lembranças
Das promessas de nunca deixar a chama se apagar que eu não cumpri
Ou cumpri porque ainda arde aqui dentro

Seres alados me trazem imagens do verões passados
Do passeio de barco, do banho de mar, o pôr do sol na lagoa
A baleia gigante, o caminho sinuoso na mata em busca do paraíso
O banho de chuva, os corpos molhados ou suados que se abraçavam

Seres alados me levam mais uma vez a outras primaveras
Das flores exóticas, e o chafariz no jardim
Do chapéu engraçado que surge por trás de um ramalhete
Das noites intermináveis e incansáveis
Dos longos dias de espera

Me fazem reviver dias de outono
Com o friozinho típico da estação
E o passeio por sobre as águas em meio à tantos outros enamorados
Os caldos, as quadriculadas vestimentas, o vinho que anima e esquenta
O cheiro da manga rosa, com sua mancha azul

Seres alados me trazem de volta os invernos e as chuvas
Tempestades acalmadas com um simples abraço que esquenta
Das noites dormidas abraçados e a sensação de que aquilo nuca mais iria se acabar
Da tristeza de acordar e se despedir
Do anseio em ver de novo

Seres alados me trazem a nostálgica sensação de que um dia eu tive tudo o que mais amava em minhas mãos
E que hoje vivo a procura do que sempre soube onde encontrar
Seres alados me olham nos olhos em meu sonho e me dizem que eu sei exatamente onde encontrar a felicidade
e que eu sou tão tolo por me sentir sozinho

Seres alados me trazem de volta a realidade, mas não me derrubam da cama
Esperam apenas que um dia eu acorde dos meus sonhos e tenha coragem de torná-losrealidade...




Por Deyvid Guedes em 16 de junho de 2012

Coração idiota

E vai batendo uma saudade...
Da vida que outrora vivi
Dos momentos clichês que me permiti passar
De tanta coisa idiota que só um coração apaixonado entende
Mas que hoje faz tanta falta!!!

Ah coração idiota!
Que saudade de tê-lo assim de novo
Tão abobalhado e perdido entre olhares
Hoje ainda bate constante, ainda és feito de carne
Mas teima em fingir-se de pedra

E uma simples canção é capaz de derretê-lo
E lembrar momentos, reviver histórias
Não uma canção qualquer
Não a mesma canção que todos os corações apaixonados balançam quando ouvem
Mas a sua canção
Aquela feita só pra você e mais ninguém

E de pensar que todo este mundo já foi seu
Mas decidistes abandoná-lo
Foi a melhor escolhe que a razão fez
Mas em momento algum ela lhe consultou, pobre coração
E a cada dia que passa te tornas mais doente por conta das atitudes desta tal razão
Não adianta! Vocês nunca entrarão em um acordo!


E a mente só lhe repassa as lembranças
Da tarde no jardim em meio a chuva
O cheiro do perfume das flores se misturando
Já podes até sentí-los de novo
E entre jaulas e animais acasalando, vem a lembrança de mais tardes chuvosas
Ou dos abraços pra esquentar o friozinho a beira do lago
Corações brilhando no peito, num belo e estranho dia pra se ter alegria

Tantas coisas... Tantos momentos...
Onde isso tudo foi parar?
Cadê aquela mesma garra de sempre?
E as promessas de não deixar a chama se apagar?
E tudo aquilo vivido e batalhado para conquistar o seu mundo?
"No início achei que era um sonho..." E hoje não passa disso...

Hoje só lhe restam lembranças coração idiota! Que nunca soube se entender com a razão!
Talvez seu tempo tenha acabado...
Talvez nunca mais voltes a bater como antes...

Talvez tudo não continue passando de memórias e saudade...
Ou realmente não passou de um sonho!






E o que mais lhe martiriza é saber que o problema todo é você... Coração idiota!



Por Deyvid Guedes em 16 de junho de 2012