segunda-feira, 15 de agosto de 2011

"A medida do amor é amar sem medida" (Santo Agostinho)

Sentado na areia, queria observar o meu horizonte, mas como a noite não deixa eu me contento em contemplar a lua. Quando todo o esplendor do sol se vai é ela quem não me deixa na escuridão. Observá-la me fez lembrar dA CABANA. Já faz tempo que entrei naquele lugar, e ainda hoje sinto saudades daquele encontro com Papai. Faz tempo que não sinto o calor daquele colo com a mesma intensidade. Que não sinto asquele amor tão intenso me envolver... Mas não esqueço daquele encontro um minuto sequer. Papai me revelara coisas nas quais eu jamais havia pensado antes, e deixou dúvidas que ainda hoje me fazem refletir. A principal delas a respeito do amor.

O que é o amor afinal? Que sentimento é esse que nos aproxima e afasta de tantas pessoas? De lá pra cá venho pensando nisso e cheguei a seguinte conclusão: como é difícil amar! Amar de verdade! Como é difícil amar e ser amado. Mas somos nós mesmos que colocamos tais dificuldades em um sentimento tão nobre. Tudo bem, vou parar de generalizar. Como EU sinto dificuldades em amar. Estou amando agora... Amando olhar a lua e saber que ela também está amando ser observada por mim. Mas até que ponto a lua vai satisfazer a minha carência?

Pronto! Está aí o "x" da questão. Será que é amor ou carência? Desde o encontro com Papai eu desaprendi o que é amar, ou no mínimo mudei todos os meus conceitos a respeito do verbo amar... Há algumas semanas mandei uma mesma mensagem para alguns amigos e, para minha surpresa, os mais distantes foram os que me compreenderam melhor, e suas preocupações eram apenas levantar minha autoestima, e não me julgar ou até mesmo condenar. Nossa! Nunca me senti tão amado. Pois é esse o amor que eu sempre falo, e torno a repetir, que é o amor de verdade pra mim. Amor livre de cobranças! O amor que não espera nada em troca. Já alguns amigos decidiram cobrar. Entendo que também não fazem por mal, mas ainda não compreenderam o que é amar. Permita-me a autocorreção mais uma vez: não aprenderam a amar como eu.

Agora acho que consegui levá-los (meus caros leitores) a minha confusão e incompreensão. Não consigo seguir os padrões e conceitos de amor impostos pela sociedade. "O certo deve ser isso..."; "Pra se amar você tem que fazer aquilo..." Na minha opnião o amor é livre! É simplesmente amor e não troca. Não se ama só por (ou para) ser amado. Me senti amado ao receber as mensagens dos meus amigos, porque a cada dia que eu os encontro (mesmo depois de séculos) é como se fosse o primeiro e o último dia de nossas vidas. Não temos tempo para perder com bobagens, porque a vida é muito curta, e uma hora estaremos certos e será nosso último encontro, mas a vida não avisa. Brigas, confusões, desentendimentos...mentiria se eu dissesse que não acontecem, mas o amor tudo supera. Se há amor de verdade há a compreensão.E o perdão só é verdadeiro se o que passou realmente for esquecido. O amor não deixa espaços pra mágoas e rancores no coração de quem ama.

Voltando ao meu momento com a lua, amando-a de verdade ela deixa de ser apenas um simples objeto para suprir minha carência. Mas o medo do amanhecer me apavora! Pela manhã a lua pode não estar mais aqui e a claridade vai ofuscar a beleza de sua companhia.E como eu ficarei quando o dia amanhecer? Mesmo que ela esteja em outro lugar do mundo também pensando em mim. É eu sei, não existe a noite sem o dia... Coisas da vida! Coisas que o amor está me ensinando a compreender melhor. Mas e se a lua volta a noite e não me encontra aqui nesta mesma areia a observá-la? Será que ela vai pensar que eu também a esqueci como todos os outros? Ou vai compreender que eu não pude voltar amanhã? É esse medo de perdê-la que talvez me impeça de amá-la. Esse medo de não poder amar do jeito que ela gostaria de ser amada é que me faz curtir apenas o luar. Observá-la sem juras de amor eterno. Já sofri muito com o anoitecer e perdendo o meu horizonte de vista...mesmo de longe a me observar eu não consigo observá-lo do outro lado dessas águas.Apenas sei que está ali. Não posso sofrer com o amanhecer. Não posso deixar a lua ir embora na esperança de me encontrar aqui sentado a observá-la na próxima noite.

Vão me chamar de louco! "Ninguém se apaixona pela lua!"; "Isso não existe!"; "Como é que vão namorar em noite de Lua Nova?" E mais uma vez a sociedade vai me impôr critérios para amar. Que para amar a lua eu preciso estar junto dela,  que eu tenho que ter a certeza que ela me ama, que o amor só acontece quando ambos se completam... e por aí vai um monte de regras para o amor. Mas não! Não foi assim que Papai me ensinou a amar. Não é assim que eu quero ser amado. Quero simplesmente amar. Sem me importar com o que vou receber em troca... E mesmo com todo esse querer eu não consigo. Medo? Não! Privação! MEsmo com essa consciência eu sei que para amar eu preciso estar disposto a me abandonar, pois se eu não amar de verdade eu posso, mais uma vez, fazer chorar.






Enquanto isso eu fico só a observar. A lua... O luar... A noite que se vai... E um novo dia que logo logo brilhará...em meu horizonte!!!









(por Deyvid Guedes em 11 de Agosto de 2011)

1 comentário:

  1. Acredito que amor é encaixe...
    Somos humanos, somos confusos, nos enganamos... Mas amar, é tão simples... A gente é que complica tudo com os nossos porquês, nossas questões, nossa razão...
    O amor é pra hoje! Não tem que pensar muito não... Tem que sentir!

    Mais um texto lindo e corajoso. Afinal, é preciso ter coragem para abrir o coração!

    Bjs!

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