quarta-feira, 30 de novembro de 2011

"A Súplica de Belo Monte"

Senhor,
A quem mais recorrer se não a Ti?
Os homens, que criaste a Vossa imagem e semelhança
com o passar de tantos anos parecem ter esquecido disso
Não conseguem enxergar a Vossa Face em si próprios,
imagine nos que o cercam
Senhor,
Venho aqui render-lhe esta oração de súplica
pois querem levar de mim a única coisa que ainda me resta

Roubaram minha humanidade meu Pai
Levaram de mim o meu direito a vida
Já levaram também minha saúde e meu direito de ser cidadão
Me roubaram a natureza, que me deste para eu cuidar
e como se já não bastasse a água que brota da terra,
estou prestes a ter que pagar pelo ar que eu respiro

Roubaram dos meus filhos seu direito de serem crianças
Levaram deles até a educação que eu tanto prezei
E eu, já não sei mais o que esperar do meu dia de amanhã
Aliás, eu já nem sei mais se quero que o meu amanhã chegue

A esperança também me foi roubada, Senhor
Óh meu Senhor e Criador, acreditas que querem roubar até mesmo a fé que tenho em Ti?
Mas ainda não conseguiram
Pois esta eu guardo em um lugar onde ninguém pode tocar
E em meu coração ela é a única coisa que me resta,
pois com tantos furtos, ele foi se esvaziando dos sentimentos que nele eu guardava

Senhor,
Me ajude, por favor!
Pois além da fé em Ti, hoje eu só tenho a mim mesmo, e mais ninguém por mim
E não satisfeitos, estes corações gananciosos, querem me roubar de mim...
A dignidade já me foi roubada faz tempo, e eu já nem lembro de um dia tê-la tido

Por favor, Senhor, eu lhe imploro
Não permita que me roubem de mim mesmo
Dê-me a chance de ao menos eu ser eu...
É com o que me resta de humildade que desesperadamente eu lhe peço
E que assim seja!
Amém...


Por Deyvid Guedes em 30 de novembro de 2011






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Usina de Belo Monte
 
A construção da usina tem opiniões conflitantes. As organizações sociais têm convicção de que o projeto tem graves problemas e lacunas na sua formação.
O movimento contrário à obra, encabeçado por ambientalistas e acadêmicos, defende que a construção da hidrelétrica irá provocar a alteração do regime de escoamento do rio, com redução do fluxo de água, afetando a flora e fauna locais e introduzindo diversos impactos socioeconômicos. Um estudo formado por 40 especialistas e 230 páginas defende que a usina não é viável dos pontos de vista social e ambiental.
Outro argumento é o fato de que a obra irá inundar permanentemente os igarapés Altamira e Ambé, que cortam a cidade de Altamira, e parte da área rural de Vitória do Xingu. A vazão da água a jusante do barramento do rio em Volta Grande do Xingu será reduzida e o transporte fluvial até o Rio Bacajá (um dos afluentes da margem direita do Xingu) será interrompido. Atualmente, este é o único meio de transporte para comunidades ribeirinhas e indígenas chegarem até Altamira, onde encontram médicos, dentistas e fazem seus negócios, como a venda de peixes e castanhas.
A alteração da vazão do rio, segundo os especialistas, altera todo o ciclo ecológico da região afetada que está condicionado ao regime de secas e cheias. A obra irá gerar regimes hidrológicos distintos para o rio. A região permanentemente alagada deverá impactar na vida de árvores, cujas raízes irão apodrecer. Estas árvores são a base da dieta de muitos peixes. Além disto, muitos peixes fazem a desova no regime de cheias, portanto, estima-se que na região seca haverá a redução nas espécies de peixes, impactando na pesca como atividade econômica e de subsistência de povos indígenas e ribeirinhos da região. De resto, as análises sobre o Estudo de Impacto Ambiental de Belo Monte feitas pelo Painel de Especialistas, que reúne pesquisadores e pesquisadoras de renomadas universidades do país, apontam que a construção da hidrelétrica vai implicar um caos social que seria causado pela migração de mais de 100 mil pessoas para a região e pelo deslocamento forçado de mais de 20 mil pessoas. Tais impactos, segundo o Painel, são acrescidos pela subestimação da população atingida e pela subestimação da área diretamente afetada.
Segundo documento do Centro de Estudos da Consultoria do Senado, que atende políticos da Casa, o potencial hidrelétrico do país é subutilizado e tem o duplo efeito perverso de levar ao uso substituto da energia termoelétrica - considerada "energia suja" e de gerar tarifas mais caras para os usuários, embora o uso da energia eólica não tenha sido citada no relatório. Por outro lado, o Ministério de Minas e Energia defende o uso das termoelétricas para garantir o fornecimento, especialmente em períodos de escassez de outras fontes.
O caso de Belo Monte envolve a construção de uma usina sem reservatório e que dependerá da sazonalidade das chuvas. Por isso, para alguns críticos, em época de cheia a usina deverá operar com metade da capacidade, mas, em tempo de seca, a geração pode ir um pouco abaixo de 4,5 mil MW, o que somado aos vários passivos sociais e ambientais coloca em xeque a viabilidade econômica do projeto.



"Viva o dinheiro (mais dinheiro) no bolso de quem tem, e danem-se os demais!"

Este é o país que estamos ajudando a construir...


 

1 comentário:

  1. Triste demais...Cadê a "imprensa" pra divulgar isso???

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